Síntese histórica
Acólito é uma palavra grega que significa "ajudante" ou "acompanhante". É o ministro leigo (de ambos os sexos) que acompanha e ajuda os ministros ordenados na celebração litúrgica, representando a congregação junto ao altar.
Há três ordens de ministros na Igreja cristã desde os tempos apostólicos: Diáconos, presbíteros e bispos. Mas os acólitos fazem parte de uma tradição muito antiga. Cornélio, bispo de Roma, nos idos do ano 251 d.C., os menciona em uma carta escrita a Fábio de Antioquia da Síria. Já no fim do século II ou início do século III, os documentos da Igreja fazem referência, entre outras, à "ordem menor" de acólito, cuja função era a de auxiliar os diáconos em seu trabalho. O bispo Cornélio menciona a existência de quarenta e dois acólitos na Igreja de Roma.
Cipriano, bispo de Cartago, no norte da África, também cita os acólitos em suas cartas (de 200 a 258).O 4º Concílio de Cartago (398 d.C.), aprovou instruções específicas com respeito à instituição dos acólitos. Provavelmente, segundo alguns estudiosos, os Estatutos Antigos da Igreja (c. de 450) conteriam os decretos desse concílio. Os deveres do acólito, mencionados nesse documento são: levar os castiçais até o altar, acender as velas e entregar os elementos eucarísticos para o sacerdote. Atualmente, quando convocado pelo pároco, o acólito também ministra em outras áreas: música, ensino, pregação, ação social, etc.
Na Igreja da Inglaterra, cuja tradição seguimos, do século VIII ao XVI, os acólitos
eram reconhecidos como uma ordem menor. A partir da Reforma, não são mais mencionados.
No período de 1833 a 1845, aconteceu o Movimento de Oxford, responsável pela defesa de importantes conceitos: a Igreja Anglicana como instituição divina, a sucessão apostólica, a importância do Livro de Oração Comum, entre outros. Nesse período, ocorreu a redescoberta do acolitato na tradição anglicana e a restauração de suas funções, exercidas, obviamente, por leigos especialmente convocados e treinados para este fim.
Em algumas paróquias, os grupos de acólitos recebem o nome de Ordem de Santo Estevão, porque seu ofício antigo, como vimos acima, era o de auxiliar os diáconos. Estevão foi o primeiro diácono da Igreja, como também o primeiro mártir (At, caps. 6 e 7). Seu dia no calendário litúrgico é 26 de dezembro.
Orientações gerais
Com relação ao exercício do acolitato, há costumes diferentes em cada paróquia.
Um pároco é mais solene, outro mais informal; um, é mais meticuloso e exigente, outro, mais flexível. A regra sempre é: o pároco (ou o bispo, quando estiver presente) é a autoridade máxima na direção dos cultos. Os acólitos devem sempre subordinar-se a ele e consultá-lo quando tiverem qualquer dúvida. O serviço dos acólitos deve ater-se estritamente às determinações dadas pela autoridade eclesiástica, independentemente das preferências pessoais. Lembre-se que "a obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria; e a arrogância como o mal da idolatria" (I Sm 15.22-23).
Servir no altar de Deus e na obra de Deus é um privilégio enorme e uma não menor responsabilidade.O acólito deve orar, pedindo a graça de Deus para poder desempenhar dignamente este ministério na Igreja.
Os acólitos devem chegar ao local de culto pelo menos trinta minutos antes do início da celebração, apresentar-se ao pastor e aguardar suas instruções. Instantes antes do início do culto, um deles deve discretamente acender as velas sobre o altar. A vela acesa tem como simbolismo: "Cristo, a Luz do mundo" e também representa o sacrifício do Filho de Deus por nós, porque a vela, para iluminar, precisa consumir-se.
Breves instruções para os Acólitos
O acólito no altar é exemplo para o povo reunido. Não deve ser desajeitado para
sentar-se ou ajoelhar-se e quando estiver em pé, deve estar em posição de prontidão,
sempre atento às determinações do presidente da celebração, sem jamais encostar-se na parede ou em qualquer móvel. Deve portar o Livro de Oração Comum ou o boletim litúrgico, conforme o caso, fazendo os responsos com voz audível e clara, porém discreta, observando atentamente todas as rubricas do ritual. Nunca deve cochichar com alguém durante a celebração; obviamente, alguma situação inesperada pode requerer isto, mas será uma exceção. Caso tenha que transmitir algum recado necessário ao celebrante, deve preferencialmente escrevê-lo e discretamente colocá-lo sobre o púlpito.
Eucaristia
Para auxiliar na ministração da eucaristia, o acólito deverá estar vestido com uma
túnica vermelha (batina), e sobrepeliz branca , sem estola.
Como preparação para a santa comunhão, o acólito auxiliará o celebrante a lavar
as mãos e lavará ele próprio as suas. Antes do culto, providenciará para que o lavabo
esteja provido de água limpa. Se for chamado pelo celebrante, o acólito segurará o cálice durante a ceia, para a intinção do pão. Evitar ficar "encarando" as pessoas que estiverem vindo à mesa. Ao final da comunhão, o acólito providenciará a limpeza dos vasos e a arrumação da mesa.
Após o culto, deve imediatamente apagar as velas e dirigir-se ao local apropriado
para despir a túnica. Entretanto, o presidente da celebração pode requerer que o acompanhe ou que permaneça no local, por algum motivo especial.
Preparo para a eucaristia A Palavra de Deus aconselha um preparo adequado para recebermos o Corpo e o Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo (I Co 11.17-34, especialmente o versículo 28: "Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice").
O acólito deve esmerar-se no cuidado com esta admoestação. O preparo pode ser iniciado na véspera da celebração e continuar durante a mesma. Devemos estar prontos para entrar na presença real do Senhor Jesus Cristo, que estará conosco no pão e no vinho.
O momento da confissão deve ser vivenciado com devoção sincera e arrependimento
verdadeiro.
A prática da lectio divina é altamente recomendável para o acólito; a leitura orante
da Bíblia o ajudará a desenvolver a espiritualidade necessária para compor dignamente o grupo de acólitos. A oração e a leitura bíblica devem ser uma prática diária de qualquer cristão; muito mais do acólito!
Este texto pode ser encontrado e baixado em forma de apostila em: http://www.anglicanalivre.org.br/acolitos.pdf
ResponderExcluirHá uma pequena diferença no que se refere às vestes dos acólitos, pois na IEAL os acólitos se vestem apenas com uma túnica branca, sem a sobrepeliz vermelha.